domingo, 2 de dezembro de 2007

A menina que tenta hibernar

A menina entregava-se ao sono, dormia pesado.
Ela acreditava que ao acordar perceberia que nada daquilo ocorrera, acordaria sem precisar costurar um riso. Mas quando acordava via que dormir nao adiantava e a mágoa se tornava cada vez maior... ter chegado onde chegou, o sono - porque ele insistia em despertar? - , o modo como as coisas se deram, o que foi, o que foram, o que fostes, o que ela achava que eles eram...
Dormia de novo com uma fé em qualquer coisa ainda mais diminuída, até que o sono voltasse a lhe despertar e lhe decepcionar com o seu não-antídoto.
A decepcao é a mais vazia das sensacoes... podia pingar um pouco de ódio, pena, medo, ternura nisso tudo, mas nao, era ela, ela seca, ela só, tão-somente ela, um vazio que doía.