domingo, 3 de fevereiro de 2008


Algo de Augusto dos Anjos ou de Schopenhauer havia penetrado-a no dia do espelho. Ela precisava de reflexos intensos de Cecília Meireles ou solavancos de Vinícius mas o que tinha
eram apenas momentos de emoções superficiais em que tentava se jogar. Até que gostava,
mas quando se concentrava para que aquilo fosse real, via o espelho. O reflexo era menos turvo, mais límpido e a conclusão era a mesma.

Os dias resumiam-se à superficialidade informativa e já não resta profundeza literária nem nos pedaços. Murcharam o reflexo, ninguém se importa com seda nem botões. Catar os cacos e remendar os pedaços foi sempre a solução, mas enterraram as agulhas, morreram os retalhos.

 - Impossível fazer costura ou poema nesses tempos.